Ela caminhava perdida em meio à multidão, deixando que seus pensamentos a guiassem. Foi seguindo assim sem rumo aparente, por um tempo que ela não sabia se tinha sido muito ou pouco.Será que buscava alguma coisa? Se mostrava deslumbrante, cativante, mas era alheia a tudo, deixava que os acontecimentos viessem e passassem sem dar valor a nada. Seguia assim, sendo atropelada pela vida, falando coisas sem pensar, respirando errado, coração apertado... Sabia que ela não tinha que ser assim, mas não tinha motivos pra querer que fosse diferente. Achava que não fazia diferença, era inconsequente e irresponsável simplesmente porque não queria pensar. E seguir assim lhe rendeu uma bagagem que crescia a cada dia, repleta de mágoas, rancores, carências, amores... Amores? Ela achava que sabia tudo sobre o amor, tão cheia de si, mulher vivida, cheia de experiência... tão tola... E nesse seu caminho, que parecia tão seguro, se deparou com um menino. Ele olhava pra ela com seus olhos puros, cheios de esperança e novidade. A olhava com olhos deslumbrados, como se tivesse encontrado um tesouro, e ela não foi capaz de enterder aquilo. Continuou andando como se entendesse tudo, como sempre, e ele andou com ela. Ela deixou que ele a acompanhasse, mas continuou alheia como sempre. Acreditou que ele a estava seguindo. Continuou com os mesmo pensamentos, com a mesma bagagem, com a mesma tristeza. Mas o menino caminhou lado a lado com ela... até que parou, e de súbito a segurou forte pela mão. Ela ficou gelada. Nunca ninguém havia se aproximado tanto dela. Por mais que ela já tivesse sido tocada de muitas formas, o toque dele lhe causou uma sensação estranha. Se sentiu acolhida, querida, desejada da maneira mais pura. Naquele momento não se sentia mais sozinha como sempre. Ela não conseguiu afastá-lo, mas tb não soube o que fazer. Então os dois seguiram de mãos dadas, em silêncio... e a cada passo que davam juntos, ela deixava cair uma mala, se sentindo cada vez mais leve. E ela ia se descobrindo, e acreditando no que os olhos dele lhe diziam. Sem sequer usar palavras, ele a foi tirando do meio da neblina que encobria sua visão, e à medida que ele fazia isso, ela se sentia mais ligada à ele. Haviam se tornado cúmplices. Assim como quem não quer nada ele começou a conduzi-la, sem que nem ela percebesse. E a levou pra um lugar que ela nunca tinha ido antes. Um lugar claro, cheio de paz, repleto de espelhos. Pararam diante de um deles. Ele apontou para o reflexo dela e finalmente lhe disse algumas palavras: - Olha... essa é a pessoa que vc estava procurando.
2 comentários:
Foi bom?Nem sempre é, a priori, agradável se ver.Geralmente é mais confortável manter-se sob o véu de Maya.Mas...crescer dói.Ao mesmo tempo é tão bom ser "grande", né?Vamos..."des-velando" para "re-velar"...ou o contrário...ou o oposto do contrário...ou...ou...ou?
Amo vc.
Sempre essa busca...
Sem fim...
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